domingo, dezembro 3
'É samba que elas querem'
A Revista do Correio Brasiliense deste domingo publicou a matéria 'É samba que elas querem'. Abaixo, o trecho em que a jornalista Edma Cristina de Góes fala sobre o meu trabalho. A foto é de Edu Moraes (SP).
O dom de Fabiana
'O samba é meu dom, álbum de estréia de paulistana Fabiana Cozza, 30 anos, é outro bom sinal dos tempos. Lançado em 2004, apresenta uma intérprete de voz rara. Cozza também não caiu no samba por engano. Cresceu nele. O pai, Oswaldo dos Santos, é tetracampeão paulista de samba-enredo, pela escola paulista Camisa Verde e Branco. Logo, a relação com o samba e o carnaval nunca foi antinatural para quem ouvia desde o nascimento os artistas prediletos do pai ? Araci de Almeida, Dalva de Oliveira, Elza Soares, Alcione, Pery Ribeiro, além de Frank Sinatra e Ray Charles.
Ela começou a cantar no coral da escola e no teatro, do qual não abre mão até hoje. 'É por meio das artes cênicas que eu piso firme no caminho de intérprete', diz. Aos 20 anos, integrou um grupo com Jane Duboc e, dois anos depois, começou a se apresentar como solista. O caminho até a gravação do primeiro CD foi longo. Ela cursou jornalismo, trabalhou na área por seis anos e estudou canto, teoria musical, piano e violão. O investimento no que gosta parece recompensado devagarinho, e degustado com todo o prazer pela artista. Um exemplo disso foi o convite, prontamente aceito, para ser a primeira mulher a fazer curadoria de um projeto de samba no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo. 'Considerei um reconhecimento ao meu trabalho. E foi bom por eu ser mulher, porque nessa área somos sempre tratadas de forma discreta', diz.
Depois de quase três anos do lançamento do primeiro CD, Fabiana Cozza se sente mudando de pele. Diante das mudanças, ela reforça o orgulho de ser sambista, mulher e brasileira. Afinal, segundo ela, a mulher torna o samba mais lírico. Embora reconheça o passado do samba, Cozza acha que os artistas não podem se prender a preciosismos. 'Se o samba está vivo, ele tem que caminhar. Não se pode estar preso à história. O que se deve é respeito a essa história', finalizou.
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