sexta-feira, setembro 28

3 faixas do novo CD no MySpaceMusic

Queridos amigos, estão disponíveis para audição três faixas de meu novo CD "Quando o céu clarear" no MySpaceMusic - Fabiana Cozza. Segue o endereço: http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=190015779
As canções são: Incensa (Roque Ferreira), Doces Recordações (Ivone Lara e Delcio Carvalho) com participação especial de Dona Ivone e Xangô te Xinga - Leandro Medina.
Os arranjos são de Marcos Paiva e a batucada fica por conta de Renato Epstein (violão), Marcos Paiva (baixo), Rodrigo Campos (cavaquinho), Luizinho 7 Cordas (violão 7 cordas), Tocão (banjo), Douglas Alonso (percussão), Julinho Cesar (percussão), Gersinho (percussão), Celso de Almeida (bateria), Ildo Silva (cavaquinho), Zé Barbeiro (violão de 7), Yaniel Matos (piano em Xangô te xinga). Em breve, entrará no ar meu novo site com todas as faixas do disco, informações dos shows, fotos do lançamento, vídeo etc etc... De qualquer forma, o endereço é: www.fabianacozza.com.br

Sábado com Silvério Pontes e Zé da Velha

Queridos amigos, neste sábado (29) estarei ao lado de dois feras da música instrumental brasileira: o trompetista Silvério Pontes e o trombonista Zé da Velha, participando do projeto "Boteco Bohemia" no bar São Benedito, na praça Benedito Calixto (Pinheiros). O show começa às 18h. Sei que também estarão o grande cavaquinista Alessandro Cardoso e o violonista Charles, todos da cidade maravilhosa. Espero vocês.

terça-feira, setembro 18

Obrigada, muito obrigada!

Não posso escrever muito além de meus agradecimentos profundos ao público que me prestigiou neste último final de semana e lotou o Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros. Repito o que disse em cena: este trabalho é nosso, é do Brasil.
Agradeço a todos os músicos e minha equipe de trabalho por mais esta realização. Em breve, tem lançamento de novo. Beijos

sábado, setembro 8

"Já clareou, Fabi, já clareou" - Texto de Nei Lopes

Amigos, um depoimento que muito me deixa emocionada e confiante desta estrada musical que escolhi. O mestre Nei Lopes escreve aqui sobre meu segundo trabalho "Quando o céu clarear".

JÁ CLAREOU, FABI, JÁ CLAREOU!

Em um texto recém publicado em livro (O racismo explicado aos meus filhos. Rio, Agir, 2007), escrevemos a certa altura sobre a “opção étnica” por pessoas de ascendência biológica e cultural mista. Acentuamos neste texto que, por exemplo, quando uma pessoa filha de um negro com uma descendentes de europeus ou vice-versa se reivindica como afro-descendente, o que ela está ressaltando ou querendo evidenciar é a parte de sua herança etnocultural que a faz ser uma discriminada em potencial e que, por isso ela assume em sua postura contra a discriminação e o racismo.
Escrita alguns meses antes de ouvirmos o CD Quando o céu clarear de nossa querida e talentosa amiga Fabiana Cozza, essa maravilhosa afro-italiana que o intenso movimento musical de Sampa colocou em nosso caminho, essa afirmação cai como uma luva não só no conceito do disco quanto na postura de Fabiana diante da vida.
Filha de negro sambista ‘gogó de ouro’ da Barra Funda, mas carregando um sobrenome com dois ‘zz’ que não deixa a menor dúvida, Fabi é isso. E, por isso, abre seu disco pedindo licença para incensar nossos ouvidos, nossa sensibilidade e nossa mente com um oloroso samba-de-roda de um dos mestres da recriação dos eternos temas do samba-de-roda baiano, Roque Ferreira. E feita essa aromática abertura, diz claramente a que veio.
Fabiana diz – e como diz! – na envolvente doçura dos já imortais Dona Ivone Lara-Délcio Carvalho, representantes da mais pura tradição lírico melódico dos terreiros do samba carioca. Depois, literalmente “arrebenta” num samba de meu ‘cumpádi’ Paulinho Pinheiro com Rubens Nogueira, que me remete ao mais vibrantemente negro das interpretações sambísticas da saudosa Elis Regina, dos tempos do Vou deitar e rolar e da Lapinha. Para, mais lá pra frente, fazer o mesmo, em Nação, me levando até à divina mulatice de Clara Nunes, numa recriação personalíssima do clássico boscoblanqueano. Aí, traz a jovem fidalguia do canto afro-mestiço de meus parceiro do Quinteto BP, uma das melhores coisas que São Paulo, em termos de arte não colonizada, produziu nos últimos tempos. E, então, depois de passar por outros sambas também da melhor qualidade, cai dentro, literalmente com força e coragem, de algo do qual há muito tempo eu desejava falar, que é a presença da tradição dos orixás na música popular.
Fissurado que sou na música tradicional afro-cubana, observo que em cada 14 faixas de cada CD que chegam lá da Ilha, direto ou por outras vias, é raríssimo que uma ou mais não sejam dedicadas às divindades africanas que vieram com nossos ancestrais escravizados, ajudando-os a resistir ao martírio e a construir as duas melhores tradições musicais do Planeta. Só que Cuba, por razões políticas e até econômicas é hoje a Meca das religiões de matriz africana, enquanto que o Brasil é esse vasto mercado neo-pop-pentecostal que nos polui olhos e ouvidos a cada girada do botão ou do controle-remoto e a cada esquina. Então, não é que Fabi teve a fé e a ousadia de fazer um disco em que quase metade das canções menciona orixás? E até chamou músicos cubanos para participar!?
Só essa coerência para mim valeria a obra e a produção. Mas por trás disso tem muito mais. Tem a força de uma cantora total e comprometida. Que duvido que daqui a pouco seja capaz de ‘dar um pulinho noutra praia’, só ‘de brincadeirinha’. Ou, cá entre nós, pra faturar uns trocados. Duvid-o-dó. Do borogodó. Porque Fabi, como artista e pessoa, é uma das criaturas mais íntegras que já conheci. E o céu para ela, com esse belíssimo disco (que muito mais que afro ou italiano é brasileiro, da silva), é claro que já clareou.

Nei Lopes
Seropédica, RJ, jul.2007.